Realismo


Introdução O realismo foi um movimento artístico e cultural que se desenvolveu na segunda metade do século XIX. A característica principal deste movimento foi a abordagem de temas sociais e um tratamento objetivo da realidade do ser humano.

Possuía um forte caráter ideológico, marcado por uma linguagem política e de denúncia dos problemas sociais como, por exemplo, miséria, pobreza, exploração, corrupção entre outros. Com uma linguagem clara, os artistas e escritores realistas iam diretamente ao foco da questão, reagindo, desta forma, ao subjetivismo do romantismo. Uma das correntes do realismo foi o naturalismo, onde a objetividade está presente, porém sem o conteúdo ideológico.

O Realismo nas Artes Plásticas


O realismo manifestou-se principalmente na pintura, onde as obras retratavam cenas do cotidiano das camadas mais pobres da sociedade. O sentimento de tristeza expressa-se claramente através das cores fortes. Um dos principais pintores realistas foi o francês Gustave Coubert. Com obras que chocaram o público pelo alto grau de realismo e pelos temas sociais, este artista destacou-se com as seguintes telas : Os Quebradores de Pedras e Enterro em Ornans. Outros importantes pintores deste período foram: Honoré Daumier, Jean-François Millet e Édouard Manet.



ARQUITETURA

Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações, ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia.
Em 1889, Gustavo Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel, hoje logotipo da "Cidade Luz".



ESCULTURA


Auguste Rodin - não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras. Sua característica principal é a fixação do momento significativo de um gesto humano.
Obras destacadas: Balzac, Os Burgueses de Calais, O Beijo e O Pensador.

PINTURA

Características da pintura:
* Representação da realidade com a mesma objetividade com que um cientista estuda um fenômeno da natureza, ou seja o pintor buscava representar o mundo de maneira documental;
* Ao artista não cabe "melhorar" artisticamente a natureza, pois a beleza está na realidade tal qual ela é; e.
* Revelação dos aspectos mais característicos e expressivos da realidade.

Características do Realismo

Veracidade:
Despreza a imaginação romântica.
Contemporaneidade:
descreve a realidade, falar sobre o que está acontecendo de verdade.
Retrato fiel das personagens:
caráter, aspectos negativos da natureza humana.
Gosto pelos detalhes:
Lentidão na narrativa.
Materialismo do amor:
Mulher objeto de prazer/adultério.
Denúncia das injustiças sociais
mostra para todos a realidade dos fatos.
Determinismo e relação entre causa e efeito
O realista procurava uma explicação lógica para as atitudes das personagens, considerando a soma de fatores que justificasse suas ações. Na literatura naturalista, dava-se ênfase ao instinto, ao meio ambiente e à hereditariedade como forças determinantes do comportamento dos indivíduos.
Linguagem próxima à realidade:
simples, natural, clara e equilibrada.

Temas da pintura:

* Politização: a arte passa a ser um meio para denunciar uma ordem social que consideram injusta; a arte manifesta um protesto em favor dos oprimidos.
* Pintura social denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria dos trabalhadores e a opulência da burguesia. As pessoas das classes menos favorecidas - o povo, em resumo - tornaram-se assunto freqüente da pintura realista. Os artistas incorporavam a rudeza, a fealdade, a vulgaridade dos tipos que pintavam, elevando esses tipos à categoria de heróis. Heróis que nada têm a ver com os idealizados heróis da pintura romântica.


A vida como ela é

Os realistas, entretanto, queriam focalizar os fatos tal qual se apresentavam em seu lado mais sombrio, despindo a ficção da fantasia. Para isso, deslocam o olhar do mundo dos ricos para o mundo dos pobres. Ou ainda, quando fixam o universo burguês, deixam de lado as aparências para procurar as essências, desmistificando as hipocrisias da sociedade.

DIFERENÇAS ENTRE REALISMO E NATURALISMO

Os naturalistas enfatizam o fato de a hereditariedade física e psicológica determinar o comportamento das personagens. Essas características é comum porque o naturalista admite uma visão predominante biológico do ser humano , tal como fora proposto pela ciência . A personagem naturalista também está condicionada a um destino contra o qual não pode lutar . Sua vida interior é reduzida a quase nada : seu comportamento aproxima-se bastante do comportamento anima , pois ela é movida pelo instinto . Daí decorrem as principais características das personagens naturalistas : - condicionamento da personagem ao meio físico , social e à hereditariedade ;  - ênfase na satisfação de necessidades instintivas ; - comportamento muito semelhante ao comportamento animal ( por isso as inúmeras comparações entre seres humanos e animais ) . O homem é visto como um "caso" a ser cientificamente analisado ou como um ser condicionado pelas leis físicas e químicas , pela hereditariedade e pelo meio físico e social . Essa concepção explica por que muitas personagens naturalistas são exemplos de patologias sociais ou físicas .



O romance tipicamente naturalista tem intenções combativas : pretende funcionar como um documento ao apresentar situações que levem o leitor a refletir sobre as condições da realidade social . O enredo naturalista apresenta , portanto: - situações de desequilíbrio social muito graves ; - denúncias das desigualdades sociais .

O conflito da personagem realista origina-se quase sempre da decadência do meio social ou de desequilíbrios de ordem espiritual . A personagem naturalista tem a origem de seus conflitos em heranças biológicas que , num determinado momento , em determinado ambiente , vêm à tona . Por isso , as personagens naturalistas são sempre muito parecidas umas com as outras . Sua individualidade desaparece , levando quase todas a constituírem meros tipos ( tipo é o nome que se dá a personagens estáticas , com apenas uma característica marcante , que não mudam no decorrer da narrativa ) .

Obedecendo ao determinismo científico que estava em moda na época , o escritor naturalista simplifica demais a realidade e o ser humano .

O escritor naturalista dá preferência a ambientes miseráveis e desequilibrados , pois neles os conflitos sociais aparecem mais nitidamente . Cumpre acrescentar ainda que tanto realistas quanto naturalistas combateram três instituições da época : a Igreja , a família e a monarquia . São comuns nesse período romances que tratam do adultério e também da corrupção no clero .

Realismo no Brasil


Acompanhando as transformações econômicas, políticas e sociais por que passa a Europa, o Brasil também vive mudanças radicais tanto no plano econômico como no político-social, no período compreendido entre 1850 e 1900, embora com profundas diferenças materiais em relação à Europa. A campanha abolicionista intensifica-se a partir de 1850; a Guerra do Paraguai (1864-1870) te como conseqüência o pensamento republicano – o Partido Republicano foi fundado no ano em que essa guerra acabou; a Monarquia, representada por D. Pedro II, no poder havia 40 anos, sofre uma vertiginosa decadência. A Lei Áurea, de 1888, não resolve o problema dos negros, mas cria uma nova realidade. A mão-de-obra escrava é substituída pela mão-de-obra assalariada, representada pelas levas de imigrantes europeus que vinham trabalhar na lavoura cafeeira, tendo início então uma nova economia, voltada para o mercado externo e livre de estrutura colonialista.

Reflexos dessas mudanças já são sentidos em parte da literatura produzida no final da década de 1860; na década de 70 surge a chamada Escola de Recife, cujas idéias se aproximam do pensamento europeu. O positivismo, o evolucionismo e, principalmente, a filosofia alemã são os inspiradores do Realismo, encontrando ressonância no conturbado momento histórico vivido pelo Brasil, sob o signo do abolicionismo, do ideal republicano e da crise de Monarquia.
Considera-se 1881 o ano inaugural do Realismo no Brasil, com a publicação de três textos fundamentais, que modificaram o curso de nossas letras: O mulato, de Aluísio Azevedo, considerando o primeiro romance naturalista brasileiro; Memórias póstumas de Brás Cubas e O alienista, de Machado de Assis, primeiras obras realistas de nossa literatura.


AUTORES PRINCIPAIS

- Machado de Assis

É considerado o maior escritor do século XIX, escreveu romances e contos, mas também aventurou-se pelo mundo da poesia, teatro, crônica e critica literária.

Nasceu no Rio de Janeiro em 1839 e morreu em 1908. Foi tipógrafo e revisor tornando-se colaborador da imprensa da época.

Sua infância foi muito pobre e a sua ascensão artística se deve a muito trabalho e dedicação. Sua esposa, Carolina Xavier, o incentivou muito na carreira literária, tanto que foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.

Como romancista escreveu: ”A mão e a luva”, “Ressurreição”, ”Helena” e “Iaiá Garcia”.

Embora sejam romances, essas obras também revelam algumas características que futuramente marcarão a fase realista e madura do autor, como a análise psicológica dos personagens, o humor, monólogos interiores e cortes na narrativa (uma das suas principais características).

“Memórias Póstumas da Brás Cubas” (considerado o divisor de águas na obra machadiana) “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”, revelam o interesse cada vez maior do autor de aprofundar a análise do comportamento do homem, revelando algumas características próprias do ser-humano como a inveja, a luxúria, o egoísmo e a vaidade, todas encobertas por uma aparência boa e honesta.

Como contista Machado escreveu: ”A Cartomante”,”O Alienista”,”O Enfermeiro”,”O Espelho” dentre outros.

Como cronista escreveu, entre 1892 e 1897, para a Gazeta de Notícias, sob o título “A Semana”.

Embora suas peças teatrais não tenham o mesmo nível que seus contos e romances, ele nos deixou “Quase ministro” e “Os deuses da casaca”.

Como crítico literário, além de vários prefácios e ensaios destacam-se 3 estudos: ”Instinto de nacionalidade”,”A nova geração” e “O primo Basílio” (a respeito do romance de mesmo nome de Eça de Queirós).

Outros Autores

Raul Pompéia: “O Ateneu”

Aluísio Azevedo: “O cortiço”,”O Mulato”, “Casa de pensão”

Inglês de Souza: “O missionário”

Adolfo Caminha: “A normalista”, “Bom-Crioulo”

Domingos Olímpio: ”Luzia-Homem”


CRONOLOGIA DOS PRINCIPAIS ROMANCES DO REALISMO

1881 “O Mulato”, “Memórias póstumas de Brás Cubas”

1884 “Casa de pensão”

1888 “O missionário”, “O Ateneu”

1890 “O cortiço”

1891 “Quincas Borba”

1893 “A normalista”

1895 “Bom-Crioulo”

1899 “Dom Casmurro”

1903 “Luzia-Homem”

1904 “Esaú e Jacó”

1908 “Memorial de Aires”




Bibliografia:

suapesquisa.com
historiadaarte.com.br
wikipedia.org
profabeatriz.hpg.ig.com.br
educacao.uol.com.br
infoescola.com
revisaovirtual.com
fehet.blogspot.com